O início da vida escolar envolve muitas inseguranças para os alunos e suas famílias. Por isso, é fundamental que a instituição de ensino saiba acolher ambos os lados durante a fase de adaptação escolar, para tornar essa experiência menos traumática. 

Com a quebra de rotina e o contato maior com pessoas de fora do núcleo familiar, a criança se sente vulnerável e pode apresentar diversas manifestações emocionais. Até mesmo o aluno que não chora pode estar sofrendo por ter que deixar o ambiente doméstico. 

Por isso, é fundamental que a escola saiba identificar quando o aluno está com dificuldades para se adaptar à nova rotina, para poder contornar a situação da melhor forma. Se você quer entender mais sobre o assunto, continue a leitura deste post! 

Quais são os problemas mais comuns na fase de adaptação escolar? 

Algumas manifestações emocionais são comuns na adaptação escolar. Mas caso elas persistam ou sejam muito intensas, a escola e a família precisam buscar formas de entender melhor as causas do problema. Veja a seguir! 

Crises de choro

As crises de choro são comuns durante a adaptação escolar, sobretudo quando os pais vão embora da escola. Com a quebra na rotina e estranhamento quanto ao ambiente escolar, é normal a criança chorar na porta da escola. Isso pode acontecer no primeiro dia do ano letivo, ou ao longo de vários dias. 

Independente da frequência, essa manifestação emocional não deve ser ignorada pela escola ou pela família por ser uma forma da criança demonstrar que está com medo. Quando isso acontecer, é importante que o aluno seja devidamente acolhido. 

Na hora da despedida, por exemplo, os pais devem dizer à criança que eles vão voltar em breve para buscá-la e que ela não está sozinha. Além disso, a família deve evitar sair de surpresa da escola, pois o aluno pode ficar com a sensação de que foi abandonado.

É importante que os pais passem total segurança aos filhos nessa fase de adaptação escolar. 

Mas vale lembrar que o aluno que não chora também pode estar sofrendo, pois cada pessoa tem formas diferentes de expressar os sentimentos. A família e o educador precisam conversar com a criança para entender quais emoções ela está sentindo com a nova rotina. 

Ansiedade 

A pandemia de Covid-19 causou diversos prejuízos emocionais às crianças. O ano de 2022 representa para muitos estudantes o primeiro contato com o ambiente físico escolar, professores e colegas de turma — sobretudo para as crianças pequenas que iniciaram a Educação Infantil nos dois últimos anos. 

Para esses alunos, o ambiente doméstico foi a escola, com aulas ministradas pela tela do computador e com pouca interação social. Educadores têm percebido sintomas de ansiedade nos alunos, como palpitação, choro constante e irritação. 

Essa situação pede uma atenção maior na adaptação escolar, que deve envolver toda a equipe pedagógica. Caso seja necessário, será preciso contar com apoio de um profissional de saúde mental para dar o suporte correto aos estudantes passando por algum sofrimento emocional. 

Ademais, é necessário haver um diálogo entre a escola e a família, porque muitos sinais de ansiedade podem se prolongar para além da adaptação escolar, o que exige que o aluno faça um acompanhamento psicológico. 

Isso requer que o professor tenha um olhar atento e humanizado aos sentimentos expressados, ou não, pelos alunos. 

Leia também: Como detectar sintomas de ansiedade no ambiente escolar e o que fazer nessa situação?

Falta de vontade de fazer atividades escolares 

A insatisfação com a mudança de rotina pode fazer com que a criança não queira participar das atividades escolares. Essa falta de vontade pode ser normal no início da adaptação escolar, mas caso persista, os professores e a família precisam investigar mais a fundo o que pode estar por trás dessa recusa. 

Nessa hora, não adianta forçar a criança ou aplicar punições por ela não querer participar das aulas. Cabe à escola encontrar formas do aluno ter motivação e interesse pelo ambiente escolar. Assim, o professor deve adquirir a confiança do estudante para que, gradualmente, ele comece a se soltar na sala de aula.  

Veja dicas de atividades para a adaptação escolar 

Para tornar a adaptação escolar acolhedora, é fundamental que a instituição de ensino realize atividades que envolvam os alunos, familiares e funcionários da escola. Dessa forma, a criança começará a se habituar à nova rotina e adquirirá segurança e confiança com as pessoas nas quais terá que conviver boa parte do dia. 

Tour pela escola 

Um dos motivos do aluno não querer ficar na escola é a estranheza com o novo ambiente. Por isso, durante a adaptação escolar, é importante que a escola realize um tour pelas dependências da instituição para que o aluno comece a se habituar com o local onde vai passar parte do tempo.

Isso pode ser feito com a presença da família da criança, que deve demonstrar que o ambiente escolar é seguro e que ela pode confiar nos professores. Ademais, os educadores e demais funcionários que vão fazer parte da rotina da escola também devem ser apresentados aos pequenos. 

Leia também: Como apoiar o professor por meio da educação socioemocional na volta às aulas?

Interação entre os alunos 

Para os alunos que começaram a estudar na pandemia, a adaptação escolar deve envolver a interação com os colegas de turma, que antes acontecia apenas por videochamada. Assim, a escola pode promover atividades para que as crianças possam se conhecer melhor e, assim, criar laços de amizade.

Antes do início das aulas, a escola pode fazer uma recepção mais calorosa, com atividades lúdicas e brincadeiras. Esse é um momento onde as famílias também precisam se conhecer, pois elas podem ajudar nessa aproximação entre os colegas de turma. No decorrer das aulas, as atividades em grupo são bem-vindas

Brincadeiras ao ar livre 

Durante a fase de adaptação escolar, a escola também pode realizar atividades ao ar livre para as crianças gastarem energia e se divertirem. Isso pode ser feito tanto dentro, quanto fora da instituição de ensino, desde que seja feito com total segurança. 

Para ajudar nesse processo, é válido contratar um recreador para propor atividades lúdicas. Estar em contato com a natureza também pode ajudar nessa fase de adaptação, pois torna o início da vida escolar mais agradável e acolhedor

As crianças, inclusive, podem indicar brincadeiras que fazem parte da rotina delas para tornar a experiência ainda mais confortável. 

Atividades manuais 

As atividades manuais são excelentes para fazer a integração dos alunos, sobretudo em uma época na qual as crianças passam horas em frente às telas com poucos estímulos sensoriais táteis. Ademais, elas servem para desenvolver diversas habilidades cognitivas e socioemocionais

Por exemplo, a criança pode fazer uma arte ou objeto na escola e levá-lo para casa para apresentar aos pais. Dessa forma, ela cria um vínculo entre o ambiente escolar e o doméstico — o que vai fazer com que a estranheza da nova rotina seja deixada de lado pouco a pouco. 

Contação de história

A contação de história serve para estimular a criatividade e imaginação dos pequenos, e pode ajudar na fase de adaptação escolar. Para isso, o educador pode escolher livros que façam parte do universo da criança, para que ela se sinta mais acolhida. No início, essa atividade pode contar com a presença da família. 

Além disso, o professor pode estimular os alunos a construírem juntos uma história sobre um tema qualquer. Essa ação pode ajudar na integração e socialização entre os colegas da turma. Para tornar esse momento ainda mais lúdico, a escola pode disponibilizar fantoches aos estudantes. Como você viu neste post, a escola precisa se preocupar com o lado socioemocional dos alunos, além da formação intelectual.

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