Sejam negativas ou positivas, as emoções têm papéis fundamentais em diversos contextos da vida. A alegria de estar com pessoas queridas nos incentiva a manter relações saudáveis, ou a tristeza de não ter passado em uma prova pode virar um combustível extra para engajar ainda mais nos estudos.
De acordo com alguns teóricos da psicologia e da educação, essa relação também aparece no processo de aprendizagem, sobretudo ao ajudar o aluno a direcionar o foco para coisas do seu interesse. Continue a leitura para entender melhor o tema, e como levá-lo para a sala de aula.
O que são emoções?
As emoções humanas são estados emocionais e experiências subjetivas que envolvem respostas complexas a estímulos internos ou externos. Elas são uma parte fundamental da experiência humana, pois desempenham um papel na maneira como enfrentamos, interpretamos e nos relacionamos com o mundo ao nosso redor.
Existem várias teorias sobre as emoções, mas uma das mais influentes é a teoria básica das emoções, proposta por Paul Ekman. Segundo essa teoria, existem emoções básicas que são inatas e compartilhadas por todas as culturas humanas.
Essas emoções básicas incluem:
- alegria;
- tristeza;
- surpresa;
- medo;
- entre outras.
Mas também existem emoções mais complexas, que são derivadas das básicas, como:
- amor;
- ciúme;
- orgulho.
As emoções estão presentes em várias funções importantes na vida humana. Por exemplo, ajudam a avaliar e responder a situações de perigo ou ameaça, facilitam a comunicação e a expressão, bem como exercem um papel central nos relacionamentos interpessoais.
É importante observar que as emoções humanas são complexas e variam de uma pessoa para outra, sendo influenciadas por fatores como personalidade, experiências passadas, cultura e contexto social.
Além disso, podem ser tanto positivas quanto negativas, e uma variedade de combinações podem ocorrer entre elas. Sabendo gerenciá-las de forma saudável, não há emoções boas ou ruins.
O uso das emoções na aprendizagem
As emoções negativas ou positivas afetam todas as aprendizagens, sobretudo na capacidade de memorização e atenção. Isso porque, de acordo com um artigo da Universidade de Lisboa, quando o input emocional é adicionado à experiência de aprendizagem, o cérebro capta e processa os estímulos de forma significativa, facilitando a sua retenção de conhecimento.
A neurociência mostra que as emoções têm um impacto significativo na forma como um indivíduo percebe, codifica, armazena e recupera informações – ou seja, fatores relacionados à aprendizagem.
Ainda segundo o artigo citado, as emoções desencadeiam respostas somáticas, corporais e motoras de antecipação muito importantes para a aprendizagem. Esse processo pode ser exemplificado nas escolhas feitas pelo aluno ao longo do ano letivo.
Por exemplo, por falta de preferência ou gosto, um aluno pode ficar com medo e apreensivo antes das avaliações escolares. Por causa disso, poderá desenvolver um interesse maior para se preparar para a atividade, com um senso de responsabilidade e tolerância ao estresse – o que ajudará a melhorar o rendimento escolar.
De todo modo, as emoções exercem influência sobre a atenção, levando o indivíduo a direcionar o foco para aquilo de maior interesse. Além disso, as emoções também têm o poder de motivar ações e comportamentos. Esse controle atencional e executivo está ligado à aprendizagem, pois é possível aprender efetivamente quando a atenção é direcionada.
Desenvolvimento socioemocional
Além da parte cognitiva, o uso da emoção no contexto educacional é importante para a construção de relações interpessoais saudáveis. Afinal, elas influenciam a comunicação, expressão facial, tom de voz, entre outros fatores que permitem a transmissão de informações aos outros e a interpretação das emoções dos outros.
Um exemplo disso é o papel que as emoções desempenham na empatia, que é a capacidade de entender e compartilhar os sentimentos de outra pessoa. Quando uma pessoa se depara com a expressão emocional de terceiros, a capacidade de conexão emocional permite compreender e responder a essas emoções.
Já o médico, psicólogo e filósofo francês Henri Wallon, enfatizava a importância da emoção na formação da personalidade. Ele via as emoções como um motor do desenvolvimento e acreditava que o crescimento emocional e cognitivo estão intrinsecamente ligados.
De acordo com Wallon, as emoções também desempenham um papel na regulação emocional e na adaptação às demandas do ambiente. Para ele, as experiências emocionais são importantes para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como a empatia e autorregulação emocional.
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Como abordar as emoções na aprendizagem?
A seguir, veja o que a sua escola pode fazer para inserir as emoções no processo de aprendizagem de maneiras simples e funcionais.
Utilize as aulas para abordar as emoções de maneira didática
Ao iniciar uma aula ou uma atividade educacional de maneira criativa, o professor consegue despertar a curiosidade e o interesse emocional do aluno, podendo aumentar a motivação para aprender. Isso pode ser feito por meio de desafios ou demonstrações práticas que despertem emoções positivas.
Outra maneira de usar as emoções na aprendizagem é por meio das ligações emocionais entre os conceitos a serem aprendidos e as experiências pessoais dos alunos, para facilitar o engajamento e a compreensão. Para isso, o professor pode utilizar exemplos do cotidiano, discussões sobre situações que envolvam as emoções ou projetos que permitam aos alunos explorar suas próprias emoções em relação.
Promover a reflexão emocional
Incluir momentos de reflexão e autoavaliação emocional pode ajudar os alunos a integrar o conhecimento de forma significativa. Para isso, o educador precisa incentivá-los a expressar suas emoções em relação ao que estão aprendendo, a refletir sobre como o conteúdo se relaciona com suas experiências pessoais e a discutir os impactos emocionais da aprendizagem.
No entanto, para que esse cenário seja possível, é necessário criar um ambiente de aprendizagem acolhedor, onde os alunos se sintam seguros para expressar suas emoções e compartilhar suas opiniões. Os educadores podem incentivar a empatia e a compreensão emocional, cultivando relacionamentos saudáveis e criando um espaço livre de julgamentos. As emoções precisam ser reconhecidas e respeitadas.
Utilizar técnicas de regulação emocional
Ensinar estratégias de regulação emocional aos alunos pode ajudá-los a lidar com emoções negativas e a manter um estado emocional propício para a aprendizagem. Com isso, pode incluir práticas de mindfulness, técnicas de respiração e diálogos abertos sobre emoções e estresse.
Contar com um programa de educação socioemocional, como o My Life, pode ser útil para garantir este e outros suportes ao professor na hora de relacionar às emoções com a aprendizagem. Acesse o site e saiba como sua escola pode aliar o ensino regular com o desenvolvimento de habilidades socioemocionais.
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