A identificação de alunos com TDAH e suas dificuldades educacionais pode ser uma tarefa complexa no ambiente escolar, uma vez que esse transtorno afeta o desenvolvimento em múltiplos aspectos. Por isso, é importante que a gestão pedagógica esteja preparada para identificar alunos com a condição e acolhê-los corretamente no ambiente educacional. 

Para promover estratégias para alunos com TDAH na escola, é fundamental conhecer os sintomas e sinais do transtorno. Isso porque os estudantes passam a maioria do tempo na escola, local onde os professores podem suspeitar de que algo está diferente no desenvolvimento da criança.

Como o TDAH está associado ao baixo desempenho escolar, é importante que a gestão pedagógica tome conhecimento de quais alunos têm o transtorno para implementar ações a fim de incluí-los adequadamente no processo de ensino e aprendizagem. Saiba mais a seguir!

O que é TDAH?

Segundo a 5ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) faz parte dos grupos de transtornos do desenvolvimento e prejudica os níveis de atenção, organização e controle de impulso. Para o diagnóstico, os sintomas devem estar presentes antes dos 12 anos.

Apesar de a maioria dos diagnósticos acontecer na infância, o transtorno persiste na vida adulta, resultando em prejuízos no funcionamento social, acadêmico e profissional. Segundo o DSM-5, o TDAH ocorre na maioria das culturas em cerca de 5% das crianças e 2,5% dos adultos.

O TDAH é dividido em três tipos:

  • Hiperativo/Impulsivo: O aluno apresenta um nível maior de sintomas relacionados ao polo da hiperatividade como, por exemplo, remexe ou batuca as mãos ou os pés, ou se contorce na cadeira e/ou costuma apresentar atitudes explosivas. 
  • Desatento: Caracterizado por sintomas predominantes de desatenção. As pessoas com esse tipo de TDAH têm dificuldade em prestar atenção a detalhes ou cometem erros por descuido em atividades escolares, por exemplo.
  • Combinado: É o tipo mais comum de TDAH, que envolve sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Pode ser aquele aluno inquieto e que não presta atenção na aula por estar “no mundo da lua”. 

Estudos indicam os meninos são mais suscetíveis ao TDAH e costumam apresentar hiperatividade como polo principal, enquanto nas meninas predominam os sintomas de desatenção.

Como lidar com TDAH na escola?

Entre as estratégias para incluir o aluno com TDAH na escola, estão: 

1. Conscientize toda a escola sobre TDAH

As relações dos indivíduos com TDAH com outras pessoas, incluindo na sala de aula, podem ser conturbadas devido à rejeição e negligência – sobretudo na construção de relacionamentos interpessoais saudáveis. 

Por causa disso, uma das maneiras para promover a inclusão desse aluno é por meio de campanhas de conscientização e valorização da diversidade. Dessa maneira, os colegas de classe terão consciência melhor de que não devem agir com violência e desrespeito com qualquer pessoa, não apenas os alunos com TDAH. 

Além disso, é fundamental que os educadores e demais profissionais da escola tenham conhecimento sobre o TDAH, suas características e como ele pode afetar o desempenho dos alunos. Isso ajuda a criar empatia e compreensão, evitando estigmas e julgamentos.

Aprenda mais: Como as competências socioemocionais ajudam a promover saúde mental entre os estudantes?

2. Faça adaptações pedagógicas 

A escola também precisa fazer adaptações pedagógicas para a inclusão escolar de alunos com TDAH. Isso pode incluir a divisão de tarefas em etapas menores, repetição de informações importantes e fornecer instruções claras. Por exemplo, colocá-lo na cadeira da frente da turma, para que ele possa ter um contato maior com o educador. 

Além disso, deve-se utilizar recursos visuais e práticos sempre que possível. Isso porque alguns alunos com o transtorno podem ficar entediados rapidamente, o que prejudica a absorção do conteúdo. É preciso, então, tornar a aulas mais interessantes, sobretudo com aplicação prática da teoria. 

3. Incentive a organização escolar

O aluno com TDAH pode sofre com sobrecarga de informações no cérebro. Por isso, acaba tendo objetos perdidos, atrasos em compromissos e atividades escolares não finalizadas. Nesse caso, é preciso ter consciência de que a criança ou adolescente com o transtorno não faz isso de propósito

Para amenizar esses e outros problemas, o professor pode estimular o aluno com TDAH a desenvolver habilidades de organização. Para isso, é possível ensinar técnicas de gerenciamento de tempo, utilização de agendas e organização de materiais escolares. Também é preciso incentivá-lo na utilização de lembretes e listas de afazeres.

4. Tenha comunicação aberta com a família 

Cada aluno com TDAH tem a própria maneira de manifestar o transtorno. Além disso, os sintomas podem aparecer conforme o tratamento – que inclui medicação, psicoterapia, acompanhamento com psicopedagogo, entre outros. É importante que a escola tenha uma comunicação clara e aberta com a família para a troca de informações que possam ajudá-lo. 

Nesse sentido, é importante trocar informações sobre o progresso acadêmico, comportamento e qualquer preocupação que surja. O envolvimento dos pais, bem como dos profissionais que acompanham o aluno, é crucial nesse processo. Trabalhar em conjunto ajuda a identificar as necessidades individuais e a implementar estratégias mais eficazes.

5. Ofereça suporte individualizado

Outra ação importante para a inclusão escolar de alunos com TDAH é o suporte individualizado como, por exemplo, tutoria no contraturno acadêmico e materiais didáticos adaptados. A escola pode avaliar também a possibilidade de recursos adicionais, como profissionais de apoio educacional ou psicopedagogos.

Durante as aulas, é importante que o educador reconheça e valorize os esforços dos alunos com TDAH. O reforço positivo serve para estimular o engajamento, o progresso e a autoestima, fazendo com que ele se sinta mais acolhido no ambiente educacional. 

Além do suporte acadêmico, é importante oferecer apoio emocional e social para alunos com TDAH. Isso pode envolver estratégias para desenvolver habilidades sociais, lidar com emoções e construir relacionamentos interpessoais saudáveis na escola. A participação de um psicólogo pode ajudar. Abordar o respeito e convivência saudável com alunos com TDAH pode ser feito com auxílio da educação socioemocional, abordagem pedagógica que visa desenvolver habilidades emocionais e sociais. Acesse o site do My Life e saiba como levar essa inovação para a sua escola.